Velejada na Lagoa de Marreco - Relato do Comte.Newton
Depois de dois meses, sem navegar em função do meu coração meio pipocando, resolvi aceitar o convite do Octaviano grande amigo e tripulante do Colibri para trazer um marreco 16 de Porto Alegre a Rio Grande. Convite esse aceito na hora sem titubear, pois eu adoro esses barquinhos muito marinheiros e doceis, valentes para o mar . Octaviano acertou o negócio e ficamos de ir a Porto Alegre na segunda-feira, dia 15 de agosto. Chegando em Porto Alegre fomos direto para o barco do amigo Duduca no Iate Clube Guaiba, o veleiro Minuano ,onde ficamos acomodados até a conclusão da compra do barco. Na terça -feira, dia 16 ficou todo comprometido com as arrumações para navegação. Levamos o dia todo fazendo as coisas necessárias para aprontar o veleiro. O barco estava no Clube Jangadeiros, eram mais ou menos umas dezessete horas, quando saímos do clube em direção ao Iate Clube Guaíba com um ventinho bom de nordeste .O motor funcionou cem metros e não "quis" mais nada, mesmo tendo sido feita uma revisão pelo mecânico do Jangadeiros... pelo menos foi isso que ele falou e me disse, que barco a vela anda a vela não a motor... só lhe retruquei, que de Porto Alegre a Rio Grande tem umas boas milhas para se fazer. Resumindo, só consegui acertar esse motor no Clube Náutico Itapuã, depois de verificar as coisas que esse mecânico estragou em vez de consertar; mais dois dias comprando algumas coisas e finalmente saímos na quinta feira, às nove e trinta do Iate Clube Guaíba com o tempo nos brindando com um belo chuvisco e uma aragem de leste.
Conseguimos levar o motor trabalhando mal até perto da ilha Chico Manuel, depois não deu mais, por sorte entrou um leste mediano que nos levou até o morro do Côco, onde resolveu despertar a sua fúria e começou a soprar forte. Tiramos a genoa e o barco continuou andando na mesma velocidade; me impressionou a maneira que se comportava e orçando bem,em seguida precisamos rinzar a grande e continuou andando igual, subia e descia na onda, que valente esse anão oceânico.Chegamos no Clube Naútico Itapuã todo molhados, mas felizes por saber que o Octaviano tinha comprado um belo barco. Beleza, a lagoa não seria problema para esse barquinho, me inspirou muita confiança apesar de seu tamanho. Chegamos no clube eram umas dezessete horas e pouco depois o vento amainou, nem parecia que estava aquela "porrasca" de vento .
Fomos muito bem recebidos pelo pessoal do clube, gente boa e de bom coração .Fizemos belas amizades ,como a do Marino comandante do Bagual II, o Luiz Marasca e a Lia comandante do Tobruk. O Lála figura ilustre do clube... lá da vontade de ficar pelo menos uma semana só para conviver com esse pessoal maravilhoso .O Bira comandante da lancha Kabang. A Tina que chegou no Liberdade com seu flamante motor recondicionado e nos trinques, iriam para a Lagoa do Casamento com uns amigos .Legal mesmo é o mascote do Clube Itapuã o Crok Crok, uma garça, que vive livre e acompanha o pessoal pelo trapiche... a preguiçosa agora conta com peixe fresco que o pessoal pesca para alimentá-la, não quer mais nada o bichinho... só vida boa!
Tivemos que esperar três dias por uma janela, pois a coisa enroscou de vento e encheu a água acima dos trapiches do clube. Nós estávamos sempre com a previsão da Maria Teresa (Tete) a qual queria participar de qualquer maneira... até o último momento ficou enlouquecida para ir, mas seria muito ruim para ela pela pouca acomodação do barco .
Então a convenci de pegar vários pré-tempos e formar a previsão ,e nos passar as melhores janelas e foi perfeito. Graças a ela fizemos ao pé da letra as etapas, ela nos deu a pré para sair do Naútico Itapuã ao Cristovão Pereira direto. Teríamos ventos sul e suleste calmeirinho, então era tocar motor e vela para atravessar a lagoa, pois iria enroscar de leste suleste na terça mas ai estaríamos com abrigo de costa até passando o São Simão foi calmaria e só tinhamos que cuidar para não bater nos tocos e pedaços de árvores boiando na lagoa. Eu nunca tinha visto tanta árvore boiando na lagoa, bastante perigoso... isso só melhorou a partir do São Simão onde também entrou um ventinho de suleste e começou a puxar, mas o barco com tudo em cima rendia bem e chegamos ao pé do Cristovão Pereira eram vinte e trinta horas com uma escuridão total, o farol está só para bonito e a boia na ponta do banco também, não vimos luz nenhuma não duvido que esta boia esteja navegando por ai sem rumo .Falei para o otaviano que quando amanhecesse o farol estaria ali bem pertinho, dito e feito amanheceu com o farol em cima .
Tomamos um bom café, colocamos a roupa de chuva pois chovia e o vento era forte, mas graças a Deus estávamos do lado do abrigo de costa e ai ia render bem .Saimos junto a costa e fomos costeando até perto do farol do Capão da Marca, sem ondas e um ventinho amigo dava uma orça cochada. Do Capão da Marca fizemos rumo do Bojuru ,ai teve um pouco de onda mas o barquinho tira de letra e pela Tete poderíamos ir até a Barra Falsa onde chegamos às dezoito horas. Dali pegamos mais uma previsão onde teríamos ventos médios até as dezoito horas, depois iria enroscar forte com rajadas de trinta a trinta e cinco nós.
Fizemos o mesmo, saímos da Barra Falsa pela costa protegidos do mar e vento até perto do farol do Estreito, ai sim fizemos rumo do mangrulho ou melhor os pedaços do que foi o farol. Peguei o canal dos Antigos Veleiros fazendo o canal do Inhâme e ponta do mato na Várzea. Quando saímos do Canal da Várzea para o Canal das Capivaras, ai sim enroscou de vez muito vento, mas consegui manter a mestra em cima e puxar para a costa da Ponta Rasa, onde mesmo pertinho tinha bastante onda e muito vento. Chegamos nas Capivaras ao anoitecer e ficamos na salguinha de sempre. Ligamos para casa dando a nossa posição e a Tete disse que teríamos até o meio dia para chegar a Rio Grande, depois iria puxar de sudoeste e sul. Estávamos apenas quinze milhas de Rio Grande tudo bem, só que teriamos uma noite com muitos ventos de lesnordeste e chuva .Ali é um bom abrigo para ventos destes quadrantes, então a única coisa que tivemos que fazer foi levantar as quatro da manhã para mudar de um lado do cais para o outro... pois rondou para nordeste ai ficou melhor do lado da revessa.
Na quinta de manhã levantamos e tomamos um bom café para última etapa, chovia um pouquinho mas em seguida parou. Dai abriu um sol para iluminar nossa chegada, barco rendendo bem em popa e foi um abraço.Às onze e trinta horas chegamos no Rio Grande Yate Clube inteiros,felizes e realizados por mais uma aventura, as mulheres nos esperando com um sorriso no rosto pois sabiam que em todo o trajeto não quebramos um parafuso que fosse, nem tivemos alguma dificuldade. A gente vai aprendendo dia a dia seja qual for o tamanho do barco em que velejamos e com apoio de terra na previsão tudo fica mais fácil .E assim foi a velejada do marrequinho na lagoa ,e obrigado ao comandante Octaviano por me proporcionar esse belo passeio de inverno e parabenizálo pela ótima aquisição, e quando queira estamos pronto para mais uma dessas aventuras.
Bons ventos a todos navegadores em especial desses barcos marinheiros .
(mais fotos em http://newtonribeiro.webs.com/velejadapoarg.htm )
Que bela navegada! A bordo de um veleiro que, embora pequeno, mostra-se corajoso e capaz de enfrentar sem vacilos os grandes espaços de nossas Lagoas. O novo Com.Octaviano e o "velho lobo" Newton mostram, com simplicidade e naturalidade, o lado mais rico de navegar. Parabéns!
ResponderExcluirDeixo um agradecimento especial ao comandante Duduca, do veleiro Minuano, onde ficamos acomodados no Iate Clube Guaiba. E também ao comandante Tiago Padilha e sua tripulação do barco Lago Azul, que nos proporcionou os wpts das compras para o Katmar. Abraços e bons ventos.
ResponderExcluirPelo visto eu com meu Vaqueiro 16, o Patinho,vamos encontrar muitas vezes o Marreco Katmar aqui nas bordas de Rio Grande
ResponderExcluirAbraços
Adão, bem vindo ao Flotilha. dá noticias do Patinho, o nome é bem sugestivo...
ResponderExcluirJá velejei de Marreco, o Paulo Mordente, construtor dos projetos do Cabinho tinha um, o Sinhué que atualmente encontra-se na Lagoa da Conceição, em Floripa.
ResponderExcluirO barco é muito marinheiro devido a sua quilha fixa de 60 cm. E o fato de não ser retrátil aumenta o espaço interno.
O apoio de terra é importantíssimo, já que o acesso a internet ainda é um problema para a grande maioria dos navegadores. Ainda mais com este tempo louco.
Comte.Portinho - veleiro Relax
Seria possível então afirmar que o barco se apresenta como uma ótima opção, em termos de custo-benefício, para sair a navegar.
ResponderExcluirVamos aguardar notícias do Comte.Octaviano.
Valeu Paulo
ResponderExcluirfiz uma chamada usando a bela foto do Newton.
http://www.conjuminando.com.br/
Saudações,
Miguel
Miguel, ficou muito boa a inserção, isto é que é parceria!
ResponderExcluirBeleza Paulo. É assim que a gente vai compartilhando as navegadas que tanto curtimos fazer. E a parceria faz parte deste nosso mundo.
ResponderExcluirAmigo Paulo :
ResponderExcluirEstou muito feliz com a compra do Marreco 16' . É um barco que já namorava ha um tempo ; sempre tive muita simpatia pelo seu aspecto geral ,principalmente sua segurança entre os pequenos .
Quanto a relação custo-beneficio , não tenho dúvidas que o resultado é positivo , porque o barco é extremamente seguro , muito navegador e de baixíssima manutenção .
Dispoe de pernoite para tres pessoas , possibilidades de cozinhar , embora de maneira precaria , o que , para quem gosta de velejar da para tirar de letra , já que conforto eu tenho na minha casa .
Portanto , como podes ver , seu custo é muito menor que o beneficio que oferece .
Aproveito o espaço para informar a troca do nome "Katmar" , por "ALLEGRO" , confiante que Neptuno não ira se zangar por isso .
Doravante , quando tiver alguma peripécia do ALLEGRO , digna de nota , estarei enviando para apreciação do amigo .
Um forte abraço e bons ventos !
Amigos,
ResponderExcluirEstou feliz em saber que o antigo Katmar está em boas mãos! Tive a oportunidade de recolocá-lo para navegar! Se o Capitão Octaviano quiser ver as fotos de reconstrução do Katmar (à época) será um prazer! Boas navegadas com o Allegro e que ele traga muita felicidade como me trouxe. Eduardo Zaffari, Clube dos Jangadeiros (Veleiro Bar.co)
Eduardo, farei contato com o Octaviano, certamente vai apreciar muito as fotos da reconstrução.
ResponderExcluirSaudações Flotilhenses