Sexta-feira, 4 de abril de 2008. Já é noite, perto das 20 horas, e nos trapiches do Veleiros Saldanha da Gama, normalmente quietos neste horário, nota-se um movimento um pouco “suspeito”. Ao chegar encontro, na entrada do portão o Robison ( Crusoé) e seu parceiro Vilmar Braz ( Veleiro Jornal)
Pouco depois chega uma camioneta e dentro vem o Paulo Angonese com a tripulação do Kauana que, conjuntamente, com a dos veleiros Solto das Patas ( Cmte Sílvio ) e Reponte (Cmte Rógis), já há algum tempo ancorados no clube, chegam de São Lourenço e Porto Alegre, para tomar seus postos para a expedição do dia seguinte. Entre eles o Antoninho Moreira, figura de proa na vela lourenciana.
A denominação Expedição da Laguna Merín foi criada pelo Paulo Angonese , precursor desta proposta em 2007, na ocasião em companhia apenas do Crusoé, e, de certa forma retrata um pouco do que representa o cruzeiro ou cruzeirão.
São quinze dias Lagoa Mirim adentro, até Santa Vitória, numa experiência que vários integrantes do grupo já tem mas que é nova para outros.
Eu estou presente na condição de convidado pelo Angonese a acompanhá-los no trecho que percorre o Canal São Gonçalo até Santa Izabel.
Aproveito para conversar, ainda no trapiche, com o Bráz que toca o projeto Navegando pela Cidadania. E sinto-me encorajado por me dar conta que algumas idéias que procuro desenvolver com o Projeto Flotilha, tem pontos em comum ( na realidade, vários) com o trabalho de alguém com sua experiência e de seu quilate.
No outro dia, sábado, a comitiva de 4 veleiros sai por volta das 7 h 30 min, justo a tempo, depois de cruzar pela ponte levadiça da estrada para Rio Grande, de pegar a eclusa das 9 horas.
Uns poucos minutos de espera e, comportas abertas, o rumo está livre para a longa jornada.
O Canal do São Gonçalo, para quem tem 15 dias de navegada pela frente e busca o “mar” aberto da Lagoa Mirim, é apenas uma espécie de passagem .
Mas, ainda assim, representa um dia inteiro de viagem com apenas uma breve parada junto à Ilha do Brigadeiro para uma refeição frugal.
Embora o canal em quase toda sua extensão seja extremamente fundo, podendo em alguns pontos passar dos 10 metros, o local da parada é bastante raso possibilitando descer dos barcos e caminhar na volta.
Privilégio dos veleiros de quilha retrátil justamente o caso dos veleiros integrantes da expedição, um Bruma 22, um Delta 21 e dois Madruga, todos de quilha retrátil.
Os veleiros de quilha retrátil, aliás, tem uma confraria fundada pelo Angonese ao atravessar o Corrientes, em 2007, junto da Ilha da Feitoria.
O resto do dia transcorre tranqüilo, um belíssimo dia, aliás, de outono, sempre margeado pela paisagem campestre do São Gonçalo ( nosso Pantanal como afirma o Doca do Titan). Um momento especial nesta jornada é a passagem pela Ilha Grande que cria uma inesperada mudança de cenário.
Por fim, chegando em Santa Izabel o grupo decide pernoitar pois já iniciava a escurecer.
Eu trato de providenciar meu retorno por terra o que acaba por se tornar um capítulo à parte.
Dá uma dor ver a condição a qual ficou reduzida Santa Izabel que, em melhores dias, o imperador Dom Pedro II visitou, hoje quase isolada, unida por terra por uma precária estrada de quase 30 quilômetros à rodovia asfaltada.
Deixo o grupo satisfeito por ter passado boas horas em companhaia do Angonese, do Luis Antonio e do Juliano, tripulantes do Kauana, todos do Sava, O Luis, aliás, descubro ser um grande apreciador de tudo que se refira às águas, Mas sendo filho de São Lourenço isto não é de surpreender.
O relato completo desta etapa feito pelo Paulo Angonese pode ser encontrado em links em seu site Rumo Sul: La Merin 2008/ Subindo o São Gonçalo
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