O Colibri continua inquieto. Na sexta-feira, 20 de abril, timoneado pelo Comte. Newton competentemente assessorado pelos tripulantes Maria Teresa e Octaviano, saiu de Rio Grande indo até a Ilha Grande. Destacamos do relato completo o seguinte trecho.
Navegando de regresso a Pelotas antes da volta do Liscano tem um casinha bem humilde perto da margem e iamos só a vela em proa, passamos pertinho estava sentado a margem um casal novo ela com uma criança de colo, ele me perguntou se tínhamos um pouquinho de açúcar para ceder a eles. Ficamos engasgado só deu para dizer espere...que vamos baixar as velas e chegar ai . Baixamos as velas e ligamos o motor, enquanto eu tentava chegar perto da margem que era baixa a Maria Teresa fez um ranchinho para eles e como o barco ficou afastado um metro deles, o amigo Otaviano alcançou para eles com a ponta do pau de espinaker. Ficaram muito agradecidos e nós muito felizes, com o coração aquecido de poder ajudar. Em um lugar daqueles onde tudo é difícil e que de todas as vezes que passei por lá nunca ninguém me pediu nada, para chegarem a pedir imagino como estariam precisando.
Sei que a Maria Teresa deu até xampu para a moça que ficou louca de contente. Saímos dali com a alma lavada por poder alcançar um pouquinho para quem realmente estava precisando.
É pensando em situações como esta , singelamente comovente, que nos referimos quando associamos o Flotilha a crônicas relativas ao navegar não apenas nas águas e ao vento, mas no tempo, na história, na cultura e nos relatos que cabe cultivar e preservar .
A vela, nestes momentos especiais, torna-se não um fim em si mas um instrumento que propicia, através das águas, o exercício de nossos melhores sentimentos e potencial humano.
fotos Octaviano