O primeiro veleiro a gente jamais esquece.Em algum lugar de nossas reminiscências sua lembrança estará guardada para sempre entre as que nos são mais caras: a primeira bicicleta, as férias na praia com os pais, a primeira namorada, o time de futebol com os amigos da infância. São lembranças puras, de um momento em que o mundo ainda é um território que, embora o desconhecimento, não hesitamos em enfrentar em todos os seus perigos.
O primeiro veleiro pode até não ter sido nosso. Mas mesmo o velereizinho da escola, algum optimist meio maltratado por ter passado por tantas mãos, tem em nossa memória um lugar guardado com carinho.
Como esquecer os momentos vividos em sua companhia, as cambadas, as ondas enfrentadas, como esquecer a primeira capotagem!
Com o tempo, porém, já não capotamos tanto e o primeiro veleirozinho dá lugar a outros maiores.Que vamos amar também e podem até se tornar uma espécie de segunda casa , isto quando não nos mudamos definitivamente para eles.
A lembrança, no entanto, do primeiro veleiro´se sobrepuja a todas as outras e em certos momentos, quando ela inesperadamente, por qualquer motivo, ressurge em nossa mente, não podemos evitar que uma lágrima guardada no fundo de nossa alma, escape para a luz do mundo e possa até ser percebida por alguém mais íntimo e atento.
Afinal, o primeiro veleiro a gente não só não esquece como não volta mais
( a foto acima, que me inspirou esta crônica, é do primeiro veleiro do amigo Luiz Antônio S. da Silva , comandante do veleiro Donga , um micro racer 19, e grande apreciador de barcos)




Nesta outra, deixo-me levar, a bordo do veleiro Tom Collins de Pepe Fuera de Borda, pelo Rio da Prata tendo ao fundo o veleiro Galileo.
Tudo isto enquanto em Buenos Aires o Teatro Colón está sendo reaberto, é realizado o encontro da Unasur, Martínez de Hoz é detido e o Estudiantes começa a perder o Torneo Clausura para o Argentinos Juniors. Ambas as fotos são de Giacomo Orlando